... E da BD em particular para a BD em geral, com uma série de entrevistas (diálogos entre veteranos e "novatos") divulgadas no site da revista americana "The Comics Journal":
À primeira, entre o Art Spiegelman [autor da ilustração acima apresentada] e o Kevin Huizenga (profundamente esclarecedora e inspiradora, como sempre com o autor de "Maus - A História de um Sobrevivente") segue-se outra, menos empolgante mas igualmente importante já que o "sénior" aí entrevistado, o David Mazzucchelli, é um caso exemplar de transformação de um talentoso desenhador de comics em um autor completo de graphic novels (à semelhança do já falecido Will Eisner).
[^^^ Acima, duas imagens do seu primeiro romance gráfico, "Asterios Polyp", inteiramente realizado por si].
A terceira tem a vantagem de emparelhar dois desenhadores britânicos de comics ambos responsáveis, segundo a crítica, por um estrondoso renovar da BD norte-americana de super-heróis: Dave Gibbons, nos anos 80 do século passado (principalmente ao ilustrar o "famoso" "Watchmen") e Frank Quitely, que segundo se diz anda a fazer um muito bom trabalho.
Enfim, nestas coisas de super-heróis, tudo depende em geral do argumentista e dificilmente haverá nessa área outro detentor do toque de Midas que tem vindo a revelar o Alan Moore de há duas décadas para cá...
[^^^ Acima, um quadradinho da história “For the Man Who Has Everything” (1987) - um aniversário complicado para o Super-Homem, da autoria de Moore e Gibbons].
A seguinte entrevista dá-nos a impressão de ter sido realizada nos anos 60 com um desses artistas norte-americanos que, devido a um talento extraordinário, sobreviveram à mudança de paradigma que se verificou à época - de uma grande variedade de estilos de histórias (se bem que seguindo as fórmulas tradicionais da "aventura") para o tipo padronizado dos super-heróis com uma ou outra excursão independente (e financeiramente arriscada), ou no erotismo underground, ou então num estilo marcadamente autoral mas não tão bem recebido pelos leitores habituais de comics - como por exemplo o Wallace Wood, também conhecido como Wally Wood.
[^^^ Acima, uma página de "American Flagg" (1983) da autoria de Howard Chaykin, que prefigurou o estilo extremamente popular (relativamente falando) que impôs pouco depois o Frank Miller como um dos gurus pós-modernos dos comics, sendo Alan Moore um dos seus rivais (ou talvez seja mais apropriado dizer o contrário)].
Outra entrevista de destaque, que no entanto peca por ser muito curta, tem como uma de suas protagonistas a Alison Bechdel, que viu o seu primeiro romance gráfico, auto-biográfico, ser eleito pela conhecida revista norte-americana "Time" como O Livro do Ano em 2006 (e não como a BD do ano - eles estão a ficar extremamente "evoluídos" por lá, não é? Tal se deve decerto ao prémio Pulitzer atribuído a "Maus" em 1992).
Só para ficarem com uma ideia: o título do livro, "Fun Home", tanto poderá significar "casa divertida", como "casa funerária" - "Fun(eral) Home".
Esta autora tem um "sítio" e um blogue extremamente intressantes que poderão consultar através dos respectivos links apresentados na barra lateral deste mesmo blogue, se tal desejarem (secção "outros blogues" e "sites").
Para acabar (este post e não a série de entrevistas que continuará a ser divulgada no seguinte blogue: "Journalista"), uma também ela curta entrevista com Jean-Christophe Menu, autor da imagem abaixo apresentada:
Único autor francês do grupo, é um dos responsáveis pelo ressurgimento da verve alternativa e/ou iconoclasta na BD europeia nos anos 90, talvez não tanto por causa de alguma obra em particular mas de certeza por ter sido um dos fundadores do colectivo de autores/editores conhecido como "L'Association", que bastante aceitação tem tido do outro lado do atlântico.
Para além de ter publicado o best-seller "Persepólis" da autoria de Marjane Satrapi, (transformado pela própria numa excelente longa-metragem em animação - que foi possível ver em Lisboa e já disponível em DVD), revelou também dois "muito conhecidos" autores: Lewis Trondheim, recentemente nomeado "grande prémio" do Festival de Angoulême e autor de algumas obras publicadas por editoras portuguesas (uau!), e Joann Sfar, autor entre outras obras da recente adaptação em BD do clássico "O Pequeno Príncipe", também publicado por cá, e responsável pelo "biopic" cinematográfico de fantasia (segundo as suas próprias palavras) intitulado "Gainsbourg, vie héroïque", que deverá estrear em 2010.
Comparado com o movimento "revolucionário" da geração anterior na BD franco-belga (Nikita Mandrika, Marcel Gotlib, Claire Bretécher, Moebius, Philippe Druillet, etc...) que, por influência também dos seus pares norte-americanos, se esforçou por conseguir uma banda-desenhada mais "adulta", este colectivo de autores destaca-se por uma maior identificação dos objectivos estéticos desta forma de arte com os da Literatura (com maiúscula, sim), muito por culpa, precisamente, de J-C Menu, um dos responsáveis pela criação do "Ouvroir de Bande-dessinée Potentielle" (Oubapo) movimento paralelo ao anterior "Ouvroir de littérature potentielle" (Oulipo), razoavelmente conhecido e de cujos membros poderemos citar, a título representativo (se bem que nem sempre ortodoxo), o célebre escritor italiano Italo Calvino.
[^^^ À semelhança da primeira ilustração apresentada neste post, um excerto de “High Art Lowdown”, por Art Spiegelman].
domingo, 20 de dezembro de 2009
sábado, 19 de dezembro de 2009
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
domingo, 22 de novembro de 2009
A primeira meia-página do ciclo seguinte (IX-3-a):
Onde se apresenta mais uma variação* da seguinte imagem:
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*: As duas primeiras encontram-se contextualizadas aqui e aqui.
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Abaixo, a reprodução da nota manuscrita onde o jovem Fernando Pessoa assentou o plano para um projecto de revista intitulada "O Fósforo", tal como se encontra no segundo volume da importante recolha de textos pessoanos inéditos (à época), da responsabilidade de Teresa Rita Lopes: "Pessoa por Conhecer" (1991):
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Só mais uma nota: o caso do leilão do espólio pessoano e do consequente destino dos papéis, e livros, que ainda não estavam em possessão do estado deixou de ser aqui noticiado por razões de pura preguiça, mas não nos passou despercebido, graças à diligência do Web Master Nuno Hipólito, a sua (já não tão) recente classificação como "tesouro nacional".
Já agora, aproveito para felicitar o Nuno pelo sucesso do seu livro, "As Mensagens da Mensagem", e desejar que os seus outros trabalhos sobre Alberto Caeiro e Ricardo Reis (disponíveis no seu site) vejam também a luz do dia em forma impressa.
Onde se apresenta mais uma variação* da seguinte imagem:
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*: As duas primeiras encontram-se contextualizadas aqui e aqui.
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Abaixo, a reprodução da nota manuscrita onde o jovem Fernando Pessoa assentou o plano para um projecto de revista intitulada "O Fósforo", tal como se encontra no segundo volume da importante recolha de textos pessoanos inéditos (à época), da responsabilidade de Teresa Rita Lopes: "Pessoa por Conhecer" (1991):
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Só mais uma nota: o caso do leilão do espólio pessoano e do consequente destino dos papéis, e livros, que ainda não estavam em possessão do estado deixou de ser aqui noticiado por razões de pura preguiça, mas não nos passou despercebido, graças à diligência do Web Master Nuno Hipólito, a sua (já não tão) recente classificação como "tesouro nacional".
Já agora, aproveito para felicitar o Nuno pelo sucesso do seu livro, "As Mensagens da Mensagem", e desejar que os seus outros trabalhos sobre Alberto Caeiro e Ricardo Reis (disponíveis no seu site) vejam também a luz do dia em forma impressa.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
domingo, 15 de novembro de 2009
A terceira meia-página deste ciclo (IX-2-c):
[^^^ Acima, as páginas 65 e 66 do livro aberto].
Muito haveria a dizer sobre as correspondências entre este ciclo, IX-2, e os anteriores IV-1 e IV-3, mas seria fastidioso tentar ultrapassar as barreiras impostas pelo formato do blogue de forma a permitir um olhar geral sobre determinados aspectos da estrutura desta narrativa (de um tipo facultado somente pela leitura do "livro-objecto", diga-se de passagem).
Fica aqui no entanto a referência.
Outra nota digna de registo, no seguimento dos meus habituais comentários quanto à feitura das páginas, diz respeito à utilização nesta última m-p do início do "conhecido" texto pessoano, «I was a poet...»*, que eu inicialmente antevera como aproveitável para o surgimento do duplo poético de eleição do jovem Pessoa, o Alexander Search.
Surgiu agora a oportunidade de o utilizar em concordância com a provável data da sua execução (segundo Richard Zenith**) e, curiosamente, foi no encerramento do que pode ser considerado como o seu periodo final enquanto poeta de expressão inglesa*** que se mostrou apropriado.
Resta dizer que o título "Odeio o Verde" é uma referência explícita à série de poemas onde Fernando Pessoa exemplifica o seu processo poético heteronímico à volta da cor verde (neste caso, à Álvaro de Campos).
Infelizmente, mais uma vez, utilizei uma informação importante de memória, o que, espero eu, não terá como consequência o obrigar-me a modificar um título que eu considero adequadamente escolhido...
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*: Que podem encontrar aqui.
**: Em "Escritos Autobiográficos, Automáticos e de Reflexão pessoal" (Assírio & Alvim), na nota da página 405 referente a esse mesmo texto (p.18).
***: Se bem que o próprio Pessoa nunca tenha admitido esse fim, mantendo até tarde a ambição de publicar novas obras em inglês, na própria Inglaterra, mesmo sabendo que a qualidade da sua obra em portugês era consideravelmente maior...
----------------------------
A ideia da máscara de Cesário Verde aqui utilizada já me assombrava o espírito criativo há bastante tempo e, quando se aproximou irremediavelmente o momento fatal em que eu teria de a concretizar, tive o prazer/desprazer de descobrir que um autor norte-americano meu favorito, o Chris Ware, estava prestes a publicar uma sugestivamente intitulada história curta, "Unmasked", na seguinte revista cuja capa é da sua autoria:
Abaixo, a história propriamente dita, que eu pura e simplesmente ainda não li:
[^^^ Acima, as páginas 65 e 66 do livro aberto].
Muito haveria a dizer sobre as correspondências entre este ciclo, IX-2, e os anteriores IV-1 e IV-3, mas seria fastidioso tentar ultrapassar as barreiras impostas pelo formato do blogue de forma a permitir um olhar geral sobre determinados aspectos da estrutura desta narrativa (de um tipo facultado somente pela leitura do "livro-objecto", diga-se de passagem).
Fica aqui no entanto a referência.
Outra nota digna de registo, no seguimento dos meus habituais comentários quanto à feitura das páginas, diz respeito à utilização nesta última m-p do início do "conhecido" texto pessoano, «I was a poet...»*, que eu inicialmente antevera como aproveitável para o surgimento do duplo poético de eleição do jovem Pessoa, o Alexander Search.
Surgiu agora a oportunidade de o utilizar em concordância com a provável data da sua execução (segundo Richard Zenith**) e, curiosamente, foi no encerramento do que pode ser considerado como o seu periodo final enquanto poeta de expressão inglesa*** que se mostrou apropriado.
Resta dizer que o título "Odeio o Verde" é uma referência explícita à série de poemas onde Fernando Pessoa exemplifica o seu processo poético heteronímico à volta da cor verde (neste caso, à Álvaro de Campos).
Infelizmente, mais uma vez, utilizei uma informação importante de memória, o que, espero eu, não terá como consequência o obrigar-me a modificar um título que eu considero adequadamente escolhido...
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*: Que podem encontrar aqui.
**: Em "Escritos Autobiográficos, Automáticos e de Reflexão pessoal" (Assírio & Alvim), na nota da página 405 referente a esse mesmo texto (p.18).
***: Se bem que o próprio Pessoa nunca tenha admitido esse fim, mantendo até tarde a ambição de publicar novas obras em inglês, na própria Inglaterra, mesmo sabendo que a qualidade da sua obra em portugês era consideravelmente maior...
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A ideia da máscara de Cesário Verde aqui utilizada já me assombrava o espírito criativo há bastante tempo e, quando se aproximou irremediavelmente o momento fatal em que eu teria de a concretizar, tive o prazer/desprazer de descobrir que um autor norte-americano meu favorito, o Chris Ware, estava prestes a publicar uma sugestivamente intitulada história curta, "Unmasked", na seguinte revista cuja capa é da sua autoria:
Abaixo, a história propriamente dita, que eu pura e simplesmente ainda não li:
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