A meia-página seguinte (III-A-III-1-a)...
... como o título indica, dá início ao famoso episódio do lançamento da revista de poesia "Orpheu", tendo eu para esse fim ido buscar informações concretas à melhor fonte de todas: os relatos do próprio Fernando Pessoa.
Para os leitores que, como eu, não conheceram Fernando Pessoa através das edições Ática da sua obra, o volume da edição crítica acima apresentado tem a vantagem de nos apresentar uma grande quantidade de textos "desconhecidos" sobre Arte e a Estética dos movimentos literários que foram inventados por Pessoa e Sá-Carneiro durante o período modernista (correspondente cronologicamente ao início da primeira guerra mundial).
Textos "desconhecidos" e importantíssimos dos quais se destacam os que são relativos ao "caso" Orfeu, contemporâneos dos acontecimentos, e os que relembram esses mesmos acontecimentos, escritos uns anos depois com o propósito de mitificar essa aventura modernista, ou pelo menos, com o propósito de dar a conhecê-la de dentro (o que não é bem a mesma coisa mas é um modo de fazer a que Pessoa nos vai habituando).
No caso da primeira leitura da "Ode Triunfal" por Almada Negreiros (que ainda não sabia à data quem era realmente o Álvaro de Campos), temos a sorte de poder contar também com o relato de outro conhecido mitógrafo, o do próprio Almada, redigido umas décadas depois e que poderão encontrar no sexto volume das suas obras completas:
O que é engraçado é que os relatos divergem um do outro. Pessoa diz-nos claramente que "o bebé de Orfeu" * não percebeu que essa ode não-escolarmente futurista (segundo Sá-Carneiro) era da sua autoria, enquanto que o autor de "A Cena do Ódio" nos dá a entender (numa linguagem pouco clara) que terá percebido tudo à primeira, tendo congratulado efusivamente o amigo nos termos que reproduzo no último quadradinho desta meia-página...
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*: Almada Negreiros, o mais novo do grupo de Orfeu, nas palavras de F.P..
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(Vou voltar para a mesa de trabalho).
sábado, 11 de junho de 2011
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1 comentário:
Alguns desses textos "desconhecidos" encontram-se na mais (relativamente) recente edição da Europa-América da sua obra, editada por António Quadros. Por um constrangedor acaso alguns desses volumes, que eu já li, descansam confortavelmente na minha estante.
Portanto: seria mais acertado dizer que «para os leitores que, como eu, não estão familiarizados com a tradição editorial pessoana, e o conteúdo dessas edições...», etc, etc...
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