

... e cuja última edição, melhorada penso eu, foi publicada pela Assírio&Alvim.
Aí também se encontram muitas elucidações sobre a inicial verve futurista de um Caeiro ainda em elaboração e o consequente aparecimento do Álvaro de Campos, decadentemente futurista.
No terceiro quadradinho a referência ao anti-clericalismo do oitavo poema de "O Guardador de Rebanhos" é baseada em dizeres do próprio Pessoa, anos mais tarde*, ao explicar porque não o publicára na revista "Atena": «por o que é de ofensivo para a Igreja Católica; nem isso convinha à "Athena", como publicação em geral, nem estava certo, sendo católico o Rui Vaz, director comigo da revista e proprietário dela». A referência a Guerra Junqueiro vem de uma ideia de Eduardo Lourenço a esse propósito.
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*: Carta a Joaõ Gaspar Simões de 3 de Dezembro de 1930.
O último quadradinho mostra o aparecimento do Ricardo reis (que será nomeado mais à frente) e estabelece a distinção entre este defensor do neo-paganismo português e o António Mora - também defensor desse desejado movimento de regeneração cultural. Este último é inspirado pelo "objectivismo pagão" de Caeiro (ver m-p anterior) e Reis é-o pelo "paganismo objectivista" do Mestre, oposto, como aí digo, ao panteísmo cristão de São Francisco de Assis, «um dos mais venenosos e traiçoeiros inimigos da mentalidade ocidental» como se deleita a escrever Fernando Pessoa, pouco antes de morrer, no texto celebratório dos vinte anos da revista "Orfeu" intitulado "Nós os de Orpheu".