segunda-feira, 14 de maio de 2012

A segunda meia-página de "As Aventuras de Bernardo Soares,  Ajudante de Guarda-livros na cidade de Lisboa...", a preto e branco:

- O que Bernardo Soares faz num típico início de dia de trabalho - sair do quarto, descer oito lanços de escada até à rua, entrar na tabacaria da esquina e depois na barbearia - é por ele relatado no trecho do "Livro do Desassossego" que começa*: «estou num dia em que me pesa, como uma entrada no cárcere, a monotonia de tudo».

- O empregado da tabacaria de «sorriso parvo por cima de um casaco de mescla, sujo e desigual nos ombros» é aquele que Pessoa descreve (lembrando-o depois de ser informado do seu suicídio) no trecho que começa*: «uma das minhas preocupações constantes é o compreender como é que outra gente existe».

Para o representar decidi inspirar-me no célebre Alfred E. Neuman (o personagem-símbolo da revista Mad):

«What, me worry»?
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*: Pelo menos é assim que esses trechos começam na edição do L. do D. da responsabilidade de Teresa Sobral Cunha.

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