sábado, 16 de agosto de 2008

Fernando Pessoa; entre génio e loucura:

Depois de editar os escritos de F.P. sobre génio e loucura em dois volumes (Edição Crítica, volume VII, Imprensa Nacional-Casa da Moeda), Jerónimo Pizarro decidiu elaborar "um retrato intelectual e artístico" do poeta que desse "ordem e significado a essa produção":

De facto, essa "biografia intelectual" é esclarecedora.
Gostava de partilhar aqui uma passagem que achei muito pertinente: «Qual a causa, qual o efeito? É o seu estado psíquico e o temor da loucura que o levam a procurar explicação nos livros, ou são os livros que o ajudam (...) a imaginar-se como um indivíduo? (...) A interpretação tradicional tem dado mais importância às crises espirituais e ao medo da loucura, que afligiram o poeta, do que às suas leituras, mas tem de dizer-se, para maior justiça, que isso se deve ao desconhecimento de que leituras fossem essas.» [Sublinhados meus, e quero lembrar-vos que, para F.P., o génio define-se essencialmente como inadaptação].

Estes três volumes têm também a particularidade de mostrar que Fernando Pessoa descobriu cedo e utilizou abundantemente "as potencialidades ficcionais de algumas patologias - da monomania à neurastenia", e mostra também que a explicação psicológica da sua heteronímia foi sendo desenvolvida ao longo dos anos, antes e depois de se dar, de facto.

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