Um dos livros que requisitei é este "Os Dois Exílios":


Igual remorso sinto ao perceber (ainda não li o livro) que nesta obra se transcreve, entre outras diversas e interessantes coisas, a polémica poética que opôs Fernando Pessoa, por C.R. Anon interposto, ao professor Haggar no jornal de Durban, incluindo a resposta satírica deste último ao anónimo "little man".

Já agora, devo dizer sobre esta questão (a ida de F.P. para a universidade), que tenho seguido a abordagem que Ángel Crespo tornou para mim mais clara: não havendo universidade em África do Sul (conforme as pesquisas de Severino mostram) F.P. só poderia voltar para a Europa, se desejasse prosseguir os estudos, o que de facto fez.
No entanto tenho percebido em vários apontamentos biográficos recentes (Richard Zenith na cronologia publicada no volume "Escritos Autobiográficos, Automáticos e de Reflexão Pessoal" escreve «...[F.P.] abandona a High-School [em 1904]...» , e António Mega Ferreira no volume "Fazer pela vida" escreve por sua vez: «Porque voltou [F.P.] a Lisboa? Teria desistido de dar continuidade aos seus estudos em Durban? Terá sido equacionada a possibilidade de o enviar para a Cidade do Cabo, onde poderia seguir um curso superior?...» - tenho percebido, dizia eu, nestes apontamentos, uma mudança (de paradigma?) na abordagem a esta questão, o que tem como principal consequência a de eu não saber se tenho a "lição" bem estudada, ou não!...
Mas então... Havia ou não havia universidade em África do Sul? Poderia Fernando não ter abandonado a High-School?? Poderia ele ter continuado a frequentar as aulas no Liceu obtendo por isso equivalência em termos académicos?? Afinal, terei eu percebido tudo mal?
Já não sei, nem quero saber!... (É mentira; no entanto a B.D. vai se fazendo...)
* Colega com quem irá manter contacto durante vinte anos(!), segundo R. Zenith, segundo João Gaspar Simões, segundo... (Ah, a "selva" dos estudos pessoanos!...)
2 comentários:
Miguel. Pelo que eu percebi, não havia Universidade no Cabo. Havia sim um exame de acesso à Universidade no Reino Unido, para o melhor aluno do High School. Mas aquando deste último exame, Pessoa ficou atrás de um colega (o Gherts?), o que terá forçado a vir para Lisboa. Provavelmente se ele tivesse ido para Londres seria um poeta mediano em língua inglesa. Isto acho que se prova pelo esforço do padrasto de Pessoa em o colocar na Commercial School para que ele tivesse alguma formação extra, depois do High School e antes da Universidade (era um homem claramente prevenido e conhecia o temperamento volátil do Fernando).
Sim, também me parece. Mas fernando ficou foi à frente do Geerdts - mas, como não tinha frequentado o Liceu durante quase 3 anos, não teve direito à bolsa de estudo para ir para Inglaterra...
Quanto ao padrasto - concordo consigo, Nuno.
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