Na meia-página que se segue, o primeiro poema de Fernando Pessoa... (segundo o próprio, depois desta quadra só fez poesia em 1901):
Quando Pessoa relata estes factos por carta, entre outros, a Armando Cortes-Rodrigues (companheiro literário da revista Orpheu), apresenta-lhe outra versão do mesmo poema, diferente do manuscrito conservado no espólio:
Ó terras de Portugal
Ó terras onde eu nasci
Por muito que goste delas
Ainda gosto mais de ti.
Esta versão, de facto, parece com mais probabilidade ter sido escrita por uma criança. A outra versão deve ter sido "melhorada", quem sabe pela própria mãe de Fernando, com o intuito de apresentar um português mais cuidado. O poema foi desta forma conservado e está-lhe ligado um pequeno acontecimento que ficou na memória da família, que apresento nas duas próximas m-p.
(Deveria eu ter sido fiel ao que provavelmente aconteceu, nesta minha reconstituição da vida do Poeta? Sim... e penso que fui, porque não me parece que Fernando sentisse necessidade de se reapropriar da "sua" versão antes de chegar à idade adulta...)
(Já agora, e por mais "Freudiano" que isto pareça, não concordo com Fernando Pessoa quando diz que escreveu esta quadra aos cinco anos... O seu pai morreu quando ele tinha essa idade; não penso que ele se preocupasse muito com as "Ó terras de Portugal/ Ó terras onde eu nasci..." nessa altura.)
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
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3 comentários:
Ó terras de Portugal
As pétalas já estão a cairá com normalidade
;) abraço Miguel
Julgo que é Angel Crespo que indica o facto deste poema se relacionar com a partida para a África do Sul. Ou seja, Pessoa não queria ir, mas o amor pela mãe sobrepunha-se ao amor pelo país (na medida em que um miúdo de tão tenra idade pode ter amor pelo país...)
Obrigado pela correção, Nuno; bem me parecia que algo não era verdadeiro naquilo que escrevi...
A referência a Freud era tudo menos minha...
Devaneios...
Afinal esta passagem foi toda inspirada por uma(s) ideia(s) desse biógrafo espanhol. Ups!
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